Não abraço as minhas filhas há 40 dias
Não abraço as minhas filhas há 40 dias
Quem me acompanha já sabe que sou bancária
Tendo estado na linha da frente, desde a primeira hora de toda esta pandemia, e estando as D. e M.,em casa com o pai, desde o fim das aulas a 13 de Março, que lógica teria uma mãe chegar a casa depois de estar atender pessoas o dia todo, e aproximar-se daqueles que mais ama, quando não sabemos se estamos ou não contaminados.
Todos os dias que vais trabalhar é uma incógnita e nunca sabe se está tudo bem ou não.
A minha rotina de vida neste 40 dias foi, entrar em casa direto ao "quarto da pandemia", lavar as mãos com álcool gel. Tiro a roupa e coloco dentro de saco para depois seguir para máquina de lavar. Sigo para o banho. Agora essa é minha rotina. A pior parte é a de não chegar perto das miúdas.
Todas as precauções foram redobradas há muito tempo cá em casa, criar um quarto da pandemia, onde ficavam as minhas roupas e onde me vestia e despia todos os dias, foi a forma que encontrei para os proteger.
Conversava com as miúdas ao longe, para tentar perceber como iam as aulas online, e se já se tinha ambientado.
O mais difícil era sempre vinham a correr para me dar um abraço quando chegava em casa. “Não pode ser, filhas. Não podem queridas ”, tentava explicar.
O marido está em casa, o hotel que gere Imperio Hotel está encerrado. Tem sido duro para ele, que tem se encarregado, de ajudar as miúdas nas novas dinâmicas de estudos, cuidar da casa, cozinhar – além do seu trabalho que tenta gerir, da melhor forma, oferecendo as instalações para médicos e enfermeiros que tenham receiam de regressar a casa para junto das famílias. Ele está exausto.
Tento manter certa distância do meu marido, mas é difícil. Acordo várias vezes à noite preocupada em não virar o rosto para o lado dele na cama.
A D. e a M. vivam tentando me abraçar de surpresa. Talvez o dano provocado pelo afastamento seja maior que o do coronavírus…
Ao chegar em casa, tentava deixar as preocupações de lado e trazer segurança para as miúdas.
Então, para todas as mães que estão frustradas, arrancando os cabelos, enquanto supervisionam as lições escolares dos filhos em casa, e tentam manter seus empregos em tempo integral ( estou em teletrabalho há uma semana ),e não podem sair para a rua, deixe-me lembrá-las: é por esse motivo que vocês estão fazendo isso (a quarentena), para proteger aqueles que mais gostamos.
O coronavírus é para ser levado muito a sério.
Sou feliz com o que fiz e vivi até agora.
Sejam Felizes
E fiquem em casa
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